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segunda-feira, 23 de novembro de 2020

... A Fortuna e o Mendigo ...


Ivan Andreyevich Krylov é o fabulista mais conhecido da Rússia
 e provavelmente o mais epigramático de todos os autores russos. 
 (13 /02/ 1769, Moscou - 21 /11/1844, São Petersburgo - Rússia)


A Fortuna e o Mendigo

Um dia, um mendigo esfarrapado 
estava se arrastando de casa em casa, 
carregando uma malinha velha.
 Em cada porta, pedia alguns centavos para comprar comida. Queixava-se da vida, 
imaginando por que as pessoas que tinham bastante dinheiro 
nunca estavam satisfeitas, sempre querendo mais.
Ao passar diante de uma casa, começou a pensar:
"O dono desta casa, o conheço muito bem. 
Sempre foi bem nos negócios e, há muito tempo, 
ficou imensamente rico.
Pena que não teve a sabedoria de parar por ali. 
Podia ter transferido os negócios a outra pessoa 
e passado o resto da vida descansando. 
Mas, em vez disso, o que foi que ele fez? 
Resolveu construir navios, 
enviando-os para comerciar com países estrangeiros. 
Pensou que ia ganhar montanhas em ouro.
Mas caíram fortes tempestades, 
os navios naufragaram 
e toda a sua riqueza foi engolida pelas ondas. 
Agora, todas as suas esperanças jazem no fundo do mar, 
e sua grande riqueza desapareceu, como se acordasse de um sonho".
E continuou pensando.
"Há muitos casos como esse. 
Os homens nunca ficam satisfeitos 
enquanto não conseguem ganhar o mundo inteiro.
Quanto a mim, se tivesse o suficiente para comer e me vestir, 
não ia querer mais nada".
Nesse momento, a Fortuna apareceu para ele e disse-lhe:
- Escute! Há muito tempo venho querendo ajudá-lo. 
Segure sua malinha enquanto eu despejo umas moedas nela. 
Mas só faço isso com uma condição. 
O que ficar na malinha será ouro puro, 
mas o que cair no chão vai virar poeira. 
Está compreendendo?
Disse o mendigo:
- Sim, sim, claro que compreendi.
Então a Fortuna falou: 
- Tome cuidado.
Sua malinha está velha, é melhor não a encher muito.
O mendigo estava tão contente que mal podia esperar. 
Abriu rapidamente a malinha 
e uma torrente de moedas foi despejada ali dentro. 
Logo, a malinha foi ficando muito pesada, 
cheia de moedas de ouro.
Perguntou a Fortuna:
- Já é o bastante?  
- Ainda não.
- Mas ela já não está rachando?
- Que nada!
As mãos do mendigo começaram a tremer e ele pensava: 
"Ah, se a torrente de ouro pudesse fluir para sempre".
Disse a Fortuna:
- Agora você já é um homem rico.
E o mendigo pediu:
- Só mais um pouquinho, só mais uns punhados.
E a Fortuna:
- Pronto, já está cheia. Essa malinha vai explodir.
E o mendigo:
- Ainda agüenta um pouquinho, só mais um pouquinho.
Caiu mais uma moeda, e a malinha estourou. 
O tesouro caiu ao chão e virou poeira. 
A Fortuna se desvaneceu, assim como apareceu. 
Agora, o mendigo só tinha mesmo a malinha vazia, 
ainda por cima rasgada de alto abaixo. 
Estava mais pobre do que antes. 

-·=»‡«=·- 

Quem tudo quer, tudo perde.


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