Ivan Andreyevich Krylov é o fabulista mais conhecido da Rússia
e provavelmente o mais epigramático de todos os autores russos.
(13 /02/ 1769, Moscou - 21 /11/1844, São Petersburgo - Rússia)
e provavelmente o mais epigramático de todos os autores russos.
(13 /02/ 1769, Moscou - 21 /11/1844, São Petersburgo - Rússia)
A Fortuna e o Mendigo
Um dia, um mendigo esfarrapado
estava se arrastando de casa em casa,
carregando uma malinha velha.
Em cada porta, pedia alguns centavos para comprar comida. Queixava-se da vida,
imaginando por que as pessoas que tinham bastante dinheiro
nunca estavam satisfeitas, sempre querendo mais.
Ao passar diante de uma casa, começou a pensar:
Ao passar diante de uma casa, começou a pensar:
"O dono desta casa, o conheço muito bem.
Sempre foi bem nos negócios e, há muito tempo,
Sempre foi bem nos negócios e, há muito tempo,
ficou imensamente rico.
Pena que não teve a sabedoria de parar por ali.
Podia ter transferido os negócios a outra pessoa
Pena que não teve a sabedoria de parar por ali.
Podia ter transferido os negócios a outra pessoa
e passado o resto da vida descansando.
Mas, em vez disso, o que foi que ele fez?
Resolveu construir navios,
Mas, em vez disso, o que foi que ele fez?
Resolveu construir navios,
enviando-os para comerciar com países estrangeiros.
Pensou que ia ganhar montanhas em ouro.
Mas caíram fortes tempestades, os navios naufragaram
Pensou que ia ganhar montanhas em ouro.
Mas caíram fortes tempestades, os navios naufragaram
e toda a sua riqueza foi engolida pelas ondas.
Agora, todas as suas esperanças jazem no fundo do mar,
e sua grande riqueza desapareceu, como se acordasse de um sonho".
E continuou pensando.
"Há muitos casos como esse.
Os homens nunca ficam satisfeitos
E continuou pensando.
"Há muitos casos como esse.
Os homens nunca ficam satisfeitos
enquanto não conseguem ganhar o mundo inteiro.
Quanto a mim, se tivesse o suficiente para comer e me vestir,
Quanto a mim, se tivesse o suficiente para comer e me vestir,
não ia querer mais nada".
Nesse momento, a Fortuna apareceu para ele e disse-lhe:
Nesse momento, a Fortuna apareceu para ele e disse-lhe:
- Escute! Há muito tempo venho querendo ajudá-lo.
Segure sua malinha enquanto eu despejo umas moedas nela.
Mas só faço isso com uma condição.
O que ficar na malinha será ouro puro,
Segure sua malinha enquanto eu despejo umas moedas nela.
Mas só faço isso com uma condição.
O que ficar na malinha será ouro puro,
mas o que cair no chão vai virar poeira.
Está compreendendo?
Disse o mendigo:
- Sim, sim, claro que compreendi.
Então a Fortuna falou:
- Tome cuidado.
Sua malinha está velha, é melhor não a encher muito.
O mendigo estava tão contente que mal podia esperar.
Abriu rapidamente a malinha
Está compreendendo?
Disse o mendigo:
- Sim, sim, claro que compreendi.
Então a Fortuna falou:
- Tome cuidado.
Sua malinha está velha, é melhor não a encher muito.
O mendigo estava tão contente que mal podia esperar.
Abriu rapidamente a malinha
e uma torrente de moedas foi despejada ali dentro.
Logo, a malinha foi ficando muito pesada,
Logo, a malinha foi ficando muito pesada,
cheia de moedas de ouro.
Perguntou a Fortuna:
- Já é o bastante?
- Ainda não.
- Mas ela já não está rachando?
- Que nada!
As mãos do mendigo começaram a tremer e ele pensava:
"Ah, se a torrente de ouro pudesse fluir para sempre".
Disse a Fortuna:
Perguntou a Fortuna:
- Já é o bastante?
- Ainda não.
- Mas ela já não está rachando?
- Que nada!
As mãos do mendigo começaram a tremer e ele pensava:
"Ah, se a torrente de ouro pudesse fluir para sempre".
Disse a Fortuna:
- Agora você já é um homem rico.
E o mendigo pediu:
- Só mais um pouquinho, só mais uns punhados.
E o mendigo pediu:
- Só mais um pouquinho, só mais uns punhados.
E a Fortuna:
- Pronto, já está cheia. Essa malinha vai explodir.
- Pronto, já está cheia. Essa malinha vai explodir.
E o mendigo:
- Ainda agüenta um pouquinho, só mais um pouquinho.
Caiu mais uma moeda, e a malinha estourou.
O tesouro caiu ao chão e virou poeira.
- Ainda agüenta um pouquinho, só mais um pouquinho.
Caiu mais uma moeda, e a malinha estourou.
O tesouro caiu ao chão e virou poeira.
A Fortuna se desvaneceu, assim como apareceu.
Agora, o mendigo só tinha mesmo a malinha vazia,
Agora, o mendigo só tinha mesmo a malinha vazia,
ainda por cima rasgada de alto abaixo.
Estava mais pobre do que antes.
Estava mais pobre do que antes.
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Quem tudo quer, tudo perde.
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