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domingo, 6 de março de 2022

... Nunca me respondeste ........ ...



Poema do autor português,  Adolfo Correia da Rocha,
 conhecido pelo pseudônimo de Miguel Torga.


Nunca me respondeste, quando te chamei.
E só DEUS sabe como era urgente e aflita
a minha voz!
Mas, desgraçadamente sós, morrem os que se afogam
no mar da sua própria condição.
O meu, sem margens, é um descampado.
Desabrigado.
Vagas e vagas de solidão, e a tua imagem, litoral sonhado,
sempre evocada em vão.
Nunca me respondeste, e foi melhor assim.
Um náufrago perpétuo é um pesadelo.
Dizer-me o quê?
Que, de longe, me vias afogar, mas que nada podias,
pois sabias que os poetas jurados,
humanas heresias, nascem condenados
a morrer afogados todos os dias,
no tormentoso mar dos seus pecados. 



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