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terça-feira, 1 de março de 2022

... Irena Sendler ...


 

Irena Sendler

                                            nasceu em 15 de fevereiro de 1910  
   e faleceu em 12 de maio de 2008,
em Varsóvia - Polônia

        Irena ficou conhecida como "O Anjo do Gueto de Varsóvia".
Ela era uma simples assistente social polonesa 
durante a Segunda Guerra Mundial. 
Mas conseguiu resgatar mais de 2.500 crianças judias 
do Gueto de Varsóvia. 
Sem a sua corajosa intervenção, 
elas teriam sido trucidadas pela loucura nazista.

Palavras de Irena:
"A razão pela qual resgatei as crianças tem origem no meu lar, 
na minha infância. 
Fui educada na crença de que uma pessoa necessitada 
deve ser ajudada com o coração, 
sem importar a sua religião ou nacionalidade".

Irena foi uma heroína desconhecida.
Foi reconhecida apenas no seu país, 
pois os historiadores comunistas 
apagaram dos livros de história o que ela havia feito.

Sua história começou a ficar conhecida em 1999,
graças a um grupo de alunos de um Instituto de Kansas,
e seus trabalhos de final de curso
sobre heróis do Holocausto.
Nas pesquisas para o trabalho 
encontraram poucas referências sobre ela,
e um dado significativo:
Ela salvou a vida de 2500 crianças.




Irena era dada como morta,
mas quando chegaram ao lugar onde fora sepultada,
uma grande surpresa, nada encontraram,
pois Irena ainda vivia.

Quando a Alemanha  invadiu o país em 1939, 
Irena era assistente social 
no Departamento de Bem Estar Social de Varsóvia, 
trabalhava com enfermeiras 
e organizava espaços de refeição comunitários da cidade 
com o objetivo de responder às necessidades das pessoas 
que mais necessitavam. 
Graças a ela, esses locais não só proporcionavam comida 
para órfãos, anciãos e pobres como lhes entregavam roupas, medicamentos e dinheiro. 
Ali trabalhou incansavelmente para aliviar o sofrimento 
de milhares de pessoas, tanto judias como católicas.

Em 1942, criaram um gueto em Varsóvia, 
e Irena, horrorizada pelas condições em que ali se sobrevivia, 
uniu-se ao Conselho para a Ajuda aos Judeus, Zegota. 
Ela mesma contou:
"Consegui, para mim e minha companheira Irena Schultz, identificações do gabinete sanitário, 
entre cujas tarefas estava a luta contra as doenças contagiosas. 
Mais tarde tive êxito ao conseguir passes para outras colaboradoras. Como os alemães invasores tinham medo de que ocorresse 
uma epidemia de tifo, 
permitiam que os polacos controlassem o recinto."
Quando Irena caminhava pelas ruas do gueto, 
levava uma braçadeira com a estrela de David, 
como sinal de solidariedade 
e para não chamar a atenção sobre si própria. 
Pôs-se rapidamente em contacto com famílias, 
a quem propôs levar os seus filhos para fora do gueto, 
mas não lhes podia dar garantias de êxito. 
Eram momentos extremamente difíceis, 
quando devia convencer os pais 
a que lhe entregassem os seus filhos e eles lhe perguntavam:
- Podes prometer-me que o meu filho viverá?. 
 Irena dizia: 
- O que poderia prometer, 
quando nem sequer sabia se conseguiriam sair do gueto.
 A única certeza era a de que as crianças morreriam 
se permanecessem lá. 
Muitas mães e avós eram reticentes na entrega das crianças, 
algo absolutamente compreensível, 
mas que viria a se tornar fatal para elas. 
Algumas vezes, quando Irena ou as suas companheiras 
voltavam a visitar as famílias 
para tentar fazê-las mudar de opinião, 
verificavam que todos tinham sido levados 
para os campos da morte.

Ao longo de um ano e meio, 
até à evacuação do gueto, no Verão de 1942, 
conseguiu resgatar mais de 2 500 crianças por várias vias.
 Começou a recolhê-las em ambulâncias como vítimas de tifo,
 mas logo se valia de todo o tipo de subterfúgios 
que servissem para os esconder: sacos, cestos de lixo, 
caixas de ferramentas, carregamentos de mercadorias, 
sacos de batatas, caixões... 
Nas suas mãos qualquer elemento 
transformava-se numa via de fuga.

Irena vivia os tempos da guerra pensando nos tempos de paz 
e por isso não ficava satisfeita só por manter com vida as crianças. Queria que um dia pudessem recuperar os seus verdadeiros nomes, 
as suas identidades, as suas histórias pessoais e as suas famílias. Concebeu então um arquivo no qual registrava 
os nomes e dados das crianças e as suas novas identidades.

Quando souberam de suas  atividades,  
em 20 de outubro de 1943, Irena Sendler foi presa pela Gestapo 
e levada para a prisão de Pawiak onde foi brutalmente torturada. 
Num colchão de palha encontrou uma pequena estampa 
de JESUS Misericordioso com a inscrição: "Jesus, em Vós confio", 
e conservou-a consigo até 1979, 
quando a ofereceu ao Papa João Paulo II.
Ela, a única que sabia os nomes e moradas das famílias 
que albergavam crianças judias, 
suportou a tortura e negou-se a trair seus colaboradores 
ou as crianças ocultas. 
Quebraram-lhe os ossos dos pés e das pernas, 
mas não conseguiram quebrar a sua determinação. 
Foi condenada à morte. 
Enquanto esperava pela execução, 
um soldado alemão levou-a para um interrogatório adicional.
Ao sair, gritou-lhe em polaco: Corra!.
Não queriam que Irena morresse 
com o segredo sobre as crianças. 
No dia seguinte Irena encontrou o seu nome 
na lista de polacos executados. 
Os membros da Żegota tinham conseguido deter 
a execução de Irena subornando os alemães, e Irena continuou 
a trabalhar com uma identidade falsa.

Em 1944, durante a revolta de Varsóvia, 
colocou as suas listas em dois frascos de vidro 
e enterrou-os no jardim de uma vizinha 
para se assegurar de que chegariam às mãos indicadas 
se ela morresse. 
Ao acabar a guerra, Irena desenterrou-os 
e entregou as notas ao doutor Adolfo Berman, 
o primeiro presidente 
do comité de salvação dos judeus sobreviventes. 
Lamentavelmente, a maior parte das famílias das crianças 
tinha sido morta nos campos de extermínio.
De início, as crianças que não tinham família adotiva 
foram cuidadas em diferentes orfanatos e, pouco a pouco, 
foram enviadas para a Palestina.

As crianças só conheciam Irena 
pelo seu nome de código "Jolanta". 
Mas anos depois, quando a sua fotografia saiu num jornal 
depois de ser premiada pelas suas ações humanitárias 
durante a guerra, um homem chamou-a por telefone e disse-lhe:
- Lembro-me de seu rosto. 
Foi você quem me tirou do gueto.
E assim começou a receber muitas chamadas 
e reconhecimentos públicos.





Em 1965, a organização Yad Vashem de Jerusalém 
outorgou-lhe o título de Justa entre as Nações 
e nomeou-a cidadã honorária de Israel.

Em Novembro de 2003 
o presidente da República Aleksander Kwaśniewski, 
concedeu-lhe a mais alta distinção civil da Polônia, 
a Ordem da Águia Branca. 
Irena foi acompanhada pelos seus familiares 
e por Elżbieta Ficowska, uma das crianças que salvou, 
que recordava como "a menina da colher de prata".

Irena morreu em Varsóvia,  aos 98 anos.
Ela estava internada em um hospital da capital polonesa 
havia um mês devido a uma pneumonia. 
Ela foi sepultada no cemitério Powązki.

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