Fala-se que envelhecer é ir morrendo aos poucos.
Conforme chega a velhice,
as doenças aumentam e os músculos enfraquecem.
Vai-se a memória e aparece a solidão.
Doem articulações, o peito e a alma.
Na velhice, o receio se vai porque não se tem mais nada a perder.
A proximidade da morte nos dá um atributo,
nada de mais terrível nos pode ser feito.
Quando vemos idosos que carregam essa força dentro de si, acreditamos mesmo que envelhecer, e adquirir maturidade,
nos torna mais corajosos.
Também aprendemos que mesmo as pessoas felizes
têm momentos de solidão e saudades.
E que os tristes também sabem encontrar a alegria.
Descobrimos que manter dentro de nós
algumas coisas que deixamos para trás
não é sinônimo de sofrimento,
como, também, pode ser uma forma de amar mais ainda
aquilo que escolhemos.
Não sei se foi a velhice que abriu os meus olhos
ou se ela, a velhice,
simplesmente me deu coragem para dizer
o que eu sempre vi e não dissera, por receio.
Os poetas sabem que viver é um grande desafio.
E nessa jornada estamos sempre em busca dessa coragem
para mudar o que não está bom
e para falar o que está preso na garganta.
Atravessamos oceanos do dia a dia de tantos porquês,
mas aí é que está a grande questão.
Uma mudança maior só pode começar
depois que mudamos por dentro.
E só é possível mudar se quisermos.
Por causa de metas a cumprir e contas a pagar,
muitas vezes deixamos de viver.
O viver de verdade, e não só a rotina imposta
e muitas vezes necessária,
mas nem sempre insubstituível.
Esquecemos que o tempo passa
enquanto desejos e sonhos ficam sufocados.
O corpo esmorece mais rápido se a alma adoecer primeiro.
Vamos! Temos muito a fazer.
A vida não espera tanto assim.
Quando percebemos,
lá se foram longos anos de dúvidas e escuridão.
Veja!
Já brilhou a esperança no coração que aprendeu a falar da saudade. Nos olhos que dão valor às coisas que realmente importam.
Na paz de envelhecer sem morrer aos poucos.
Ainda estou longe da velhice,
comecei a descobrir o que é maturidade somente agora,
e sei que ainda tenho muito que aprender.
Mas acho curioso
quando penso que estou mais perto dos 80 do que dos 30 anos, justamente porque não sinto que tenho essa idade.
Sinto-me mais jovem do que antes.
Quanto mais o tempo passa, mais coisas quero fazer.
Preciso conhecer o mundo, escrever um livro,
voltar a estudar piano,
e pintar os meus sonhos.
A vida é boa.
Longa vida é o que desejo para você e para mim. (Rubem Alves).
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