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quarta-feira, 28 de outubro de 2020

... Mia Gioconda ...

 



Antônio Vicente Filipe Celestino

nasceu em 12 de setembro de 1894, no Rio de Janeiro 
e faleceu em 23 de agosto de 1968 em São Paulo,
Brasil. 

Vicente Celestino foi casado com Gilda Abreu.



Desde os oito anos, por sua origem humilde, 
teve de trabalhar como sapateiro, vendedor de peixe, 
jornaleiro e, já rapaz, chefe de seção numa indústria de calçados.

Vicente Celestino, como ficou conhecido, 
foi um cantor brasileiro famoso 
na primeira metade do século XX.
Começou cantando para conhecidos e era fã de Enrico Caruso. 
Antes do teatro cantava em festas, serenatas e chopes-cantantes. Estreou profissionalmente cantando a valsa Flor do Mal 
no teatro São José e fez muito sucesso.
Essa música entrou no seu primeiro disco 
vendendo milhares de cópias em 1915 na Odeon.

Ele tocava violão e piano. 
Dentre muitas das suas criações, 
duas delas foram temas para filmes de enorme público. 
O Ébrio (1946), que foi transformada em filme por sua esposa, 
e Coração Materno (1951). 
Neles Vicente foi dirigido por sua mulher Gilda Abreu, 
cantora, escritora, atriz e cineasta.

 Seu eterno arrebatamento, paixão e inigualável voz de tenor, 
fizeram com que o povo o elegesse
 como A Voz Orgulho do Brasil.

Foi o primeiro cantor a gravar o Hino Nacional Brasileiro.

Nunca saiu do Brasil 
e manteve sua voz de tenor que era sua marca registrada 
independente do estilo musical que estava executando. 
Teve suas canções regravadas por grandes nomes.

 Em julho de 1945,
o governo brasileiro realizou uma festa de recepção 
aos combatentes da segunda guerra mundial, 
no Cassino da Urca, no Rio de Janeiro. 
Entre os convidados estava o cantor Vicente Celestino, 
que deliciava-se
 com as histórias de heroísmo reveladas pelos pracinhas. 
Até que um relato, 
que nada tinha a ver com bravura ou abnegação 
no campo de batalha, lhe chamou a atenção.
O atirador de elite João Pedro Paz, de 23 anos, 
entre lágrimas contou ter deixado na Itália 
o grande amor de sua vida. 
Ele e Iole, então com apenas 17 anos, 
conheceram-se em um baile 
vespertino, em um local chamado Cinema Garibaldi, 
na localidade de Pescia, em março de 1945. 
João estava de folga e decidira ir à cidade 
em busca de diversão, 
na companhia de dois companheiros de farda. 
Assim que a orquestra iniciou a execução de Moonlight Serenade, 
de Glenn Miller, os olhares dos dois se cruzaram, 
e João tirou-a para dançar. 
Foi o início de um namoro avassalador, 
que só seria interrompido no retorno da FEB ao Brasil. 
Antes do embarque, 
mesmo acreditando ser impossível trazer Iole ao Brasil, 
João prometeu buscá-la para que ambos pudessem casar-se.
​A história sensibilizou Vicente Celestino, 
que compôs a canção Mia Gioconda
narrando o drama vivido por João e Iole, 
separados por um oceano e por milhares de quilômetros.
 
 Três meses após a volta ao Brasil, 
o pracinha recebeu uma carta de Iole, 
que contava estar grávida. 
A história causou comoção na cidade, 
a ponto de um jornalista da extinta Folha da Tarde 
iniciar uma campanha para arrecadar fundos 
e bancar a vinda de Iole.
Os dois casaram-se por procuração. 
Ele, em Porto Alegre, ela, em Pescia. 
Meses depois, Iole chegou ao Brasil
 para viver o seu grande amor, que  durou sete décadas. 
O filho Pedrinho, que tinha apenas três meses 
quando atravessou o Atlântico com a mãe, 
morreu aos 12 anos. 
Além dele, o casal ainda teve outra filha, Ana Maria.

O casal João Pedro Paz e Gioconda Iole Tredici,
comemoraram as bodas de brilhante (75 anos de casamento),
em 1º de julho de 2020,
e em 16 de setembro de 2020, João deu seu último suspiro.

Aos 92 anos, João disse: 
- Pensava que nunca mais iria vê-la. 
A despedida foi uma coisa muito triste, comovente.
E Iole disse: 
Não nos entendíamos com as palavras, 
mas apenas com o olhar.



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Música Mia Gioconda


Letra da música

Do dia que nascemos e vivemos para o mundo
Nos falta uma costela que encontramos num segundo
Às vezes, muito perto desejamos encontrá-la
No entanto é preciso muito longe ir buscá-la
Vejamos o destino de um pracinha brasileiro
Partindo para a Itália transformou-se num guerreiro
Lá, muito distante, despontar o amor sentiu
E disse estas palavras a uma jovem quando a viu

Italiana
La mia vita oggi sei tu!
Io te voglio tanto bene
Partiremo tutti insieme
Ti lasciar non posso più
Italiana
Voglio a ti piccola bionda!
Ha il viso degli amori
Le tue labbra son due fiori
Tu sarai la mia Gioconda

Vencido o inimigo que antes fora varonil
Recebeu a F.E.B. ordem de embarcar para o Brasil
Dizia a mesma ordem: Quem casou não poderá
Levar consigo a esposa, a esposa ficará
Prometeu, então, o bravo ao dar baixa e ser civil
Embarcarás amada para os céus do meu Brasil!
E, enquanto ela esperava lá no cais napolitano
Repetia estas palavras no idioma italiano

Brasiliano
La mia vita oggi sei tu!
Io te voglio tanto bene
Chiedo a Dio que tu venga
Ti scordar non posso più!
Brasiliano
Sono ancora la tua bionda!
Il Mio sposo ha lasciato
Questo cuore abbandonato
Che chiamasti di Gioconda
Di Gioconda!
Di Gioconda!





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