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quarta-feira, 9 de setembro de 2020

... Poesia ...

                                                                    


Raimundo da Mota de Azevedo Correia
Raimundo Correia, foi magistrado, professor, 
diplomata e poeta.
Nasceu em 13 de maio de 1859, 
a bordo do navio brasileiro São Luís, 
ancorado na Baía de Mogúncia no Maranhão, 
e faleceu em Paris, França, em 13 de setembro de 1911.
 Referindo-se a seu nascimento sobre as águas, 
costumava dizer de si,  
"Sou um homem sem pátria, nasci no Oceano".


                                                                                   -·=»‡«=·-


Remexendo no meu baú de recordações,
lembrei-me desta belíssima poesia 
que recitei numa festa do colégio,
quando tinha 11 anos.
Recordar é viver.


                                                                                    -·=»‡«=·-


Mal Secreto
                                                              Raimundo Correia

Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse, o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja aventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!


                                      

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