Texto de Içami Tiba
Antes de eu conhecer você,
eu não sabia o que era rosa.
Até que eu vivia bem sozinho.
Comia o que e na hora que eu queria,
saía na hora quando bem entendia
para ir ao lugar que tinha vontade de ir,
numa liberdade, independência e auto-suficiência.
Quando eu vi você, fiquei vermelho de paixão
e nem me incomodei com os meus brancos.
Até perceber-me que eu já não era mais o branco.
Foi quando o vermelho começou a me sufocar
e então, brancamente, me protegi.
Mas às vezes eu me irritava e brigava com o vermelho.
No fundo, era porque você era vermelha
e não branca igualzinho a mim.
Percebi-me em alguns variados momentos
querendo mudar a sua cor.
Ainda bem que você soube permanecer-se vermelha,
ter suas próprias emoções,
sentimentos, comportamentos e pontos de vista.
Caso contrário, você seria também branca.
Mas tive minhas reticências,
pois estava acostumado
ao meu ritmo e modo de vida branco.
Temi perder minha individualidade.
Mas aos poucos fui descobrindo
que o branco para se transformar em rosa
não significava perder, desestruturar-se e desaparecer,
mas sim, completar-se com o vermelho.
O rosa me atemorizou,
mas hoje vejo quanto é gostoso conviver,
relacionar-me, amar e ser amado.
Dá mais trabalho
porque nem tudo pode e deve ser feito brancamente,
mas sem dúvida
tudo pode ser mais gostoso e rico com o vermelho.
Frequentemente, um bom lanche branco
não é tão agradável quanto um singelo jantar rosa.
Um mundo muito Cor de Rosa a todos....
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