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quarta-feira, 13 de abril de 2022

... Sexta Feira Santa ...


                                      
Na Bíblia Sagrada 
vemos no Evangelho de João cap.8, vrs.32, 
 as palavras de JESUS ... 
...e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.

Cresci ouvindo falar 
da carne vermelha durante a quaresma 
e assim cresci. 
Até que um dia em uma homília num Domingo da Ressurreiçao 
ouvi um padre dizer que o rico podia comprar bacalhau, 
pois o preço nessa época já era altíssimo,
 e o pobre comia ovo em respeito a JESUS.
Mas se o pobre não podia comprar bacalhau, 
que comprasse a carne que estivesse de acordo com seu orçamento. Nesse dia sai da missa com muitos questionamentos.

 O hábito de evitar comer carnes 
de animais de sangue quente como o boi, porco e frango,
durante a quaresma fez com que o consumo de peixes 
aumentasse significativamente nessa época do ano e,
 em especial, na sexta-feira da paixão.

 No período da Quaresma, 
durante 500 anos era seguido à risca 
o preceito de não se comer carne na quarta-feira de Cinzas 
e em nenhuma sexta-feira nos 40 dias até a Páscoa.
A sentença  do Vaticano pregava à abstinência de se ingerir                carne todos os dias da Quaresma. 
Que concluía com uma semana inteirinha dedicada a guardar contritamente a dor sofrida por JESUS CRISTO, 
com orações, mortificação e silêncio.

Houve tempos em que isso
era  levado a ferro e, principalmente, fogo.
Por sorte, hoje não é tanto assim.
Hoje já ouvimos o Papa Francisco, 
liberando a carne vermelha para ser consumida 
por ocasião da Quaresma.
 
Mas nem todos sabem como surgiu esta prática 
de guardar o estômago para os prazeres oriundos do mar
 ou das afamadas receitas portuguesas 
quando o assunto é bacalhau.
É certo que não há, nas sagradas escrituras, 
nenhuma norma ou referência que regulamente 
o consumo de peixes nesta época do ano. 
Da mesma forma como é fácil compreender 
a jogada comercial que motivou a prática.

Na virada do século XV para o XVI, o Vaticano financiava 
boa parte das grandes expedições marítimas. 
Para tanto associou-se a vários reis e rainhas católicos, 
em particular da Espanha e Portugal. 
Nos novos continentes descobertos, 
seu quinhão estava assegurado, 
a peso de muito ouro e enormes propriedades.
É nesta época que, de repente, a Igreja cisma de decretar que, 
em reconhecimento ao sofrimento de CRISTO, 
os fiéis não poderiam consumir carnes “quentes” ou “vermelhas” durante a Quaresma.
O que nem todos sabiam é que o Vaticano, 
na verdade, era proprietário da maior frota bacalhoeira, 
caravelas para a pesca do bacalhau que levavam os “dóris”, 
barcos a remo nos quais os pescadores se lançavam ao mar 
para a pesca, nos mares da Noruega.
Seus armazéns ficavam abarrotados e era preciso escoar regularmente a mercadoria antes do vencimento 
dos prazos de validade, afinal, peixe salgado também estraga,
 porque o sal se desfaz a baixas temperaturas durante o inverno.
Assim, visando a maximizar seus lucros, 
espertamente os padres proibiram 
o consumo de outros tipos de carne durante a Quaresma.  
As vendas de bacalhau explodiram, 
já que o alimento era apreciado nas camadas populares europeias, sobretudo portuguesas, por ser nutritivo e barato.

Os ricos e nobres continuaram a comer seus faisões.

Não por acaso há uma expressão em Portugal 
referente às visitas inesperadas e de baixa condição social,
 que batem à porta em horário próximo do almoço. 
Quando se pergunta o que servir como alimento, 
o dono da casa ou anfitrião costuma dizer: 
“Para quem é, bacalhau basta”.

E assim, durante séculos, até a Segunda Guerra Mundial, 
o bacalhau foi comida de pobre, mesmo no Brasil, 
cujo consumo massivo se deu após a chegada da corte portuguesa.
 Comer bacalhau é sempre saborear um "manjar dos deuses". 
É a manha da tradição culinária sedimentada na corte, 
com as bênçãos da Igreja Católica.
Para sorte do nosso paladar, 
agora nem adianta mais reclamar ao bispo 
pelo que fizeram seus  predecessores de batina.


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