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terça-feira, 18 de agosto de 2020

... Wabi sabi ...

                      

Os tapetes persas, sempre tem um pequeno erro,
um minúsculo defeito,
apenas para lembrar a quem olha,
  de que só DEUS é perfeito. 


Wabi sabi é a beleza das coisas modestas.
É a beleza das coisas não convencionais.
                        É a Arte da Imperfeição.                                

A Arte da Imperfeição começa 
quando reconhecemos e aceitamos 
nossa tola condição humana.

Precisamos aprender ...
A aceitar nossas falhas 
com a mesma graça e humildade
com que aceitamos nossas qualidades.
A perdoar a nós mesmos e aos outros.
O desejo de acertar sempre 
impede o nosso crescimento,
e a necessidade de estar no controle 
aumenta a desordem e o caos.

Wabi sabi 
é a expressão que os japoneses inventaram para definir
a beleza que mora nas coisas imperfeitas e incompletas.
O termo é quase que intraduzível.
Wabi sabi é um jeito de ver as coisas 
de uma ótica de simplicidade, 
naturalidade e aceitação da realidade.

Os mestres japoneses, com a cultura inspirada
nos ensinamentos do taoísmo e zen-budismo,
perceberam que a ação humana sobre o mundo 
deve ser tão delicada 
que não impeça a verdadeira natureza das coisas 
de se revelar.
E a natureza das coisas 
é percorrer seu ciclo de nascimento, 
amadurecimento e morte efêmeras e frágeis.
Eles perceberam a beleza e elegância
 que existe em tudo 
que é tocado pelo carinho do TEMPO.
Uma velha tigela de chá,
musgo cobrindo as pedras do caminho,
a toalha amarelada,
a maçaneta da porta nublada das mãos que a tocaram,
uma única rosa solta em um vaso.

Wabi sabi é inseparável dos ensinamentos
do taoísmo e zen-budismo:
Na natureza ...
... Tudo é impermanente ...
... Tudo é imperfeito ...
... Tudo é incompleto ...

A beleza pode estar escondida na feiura ...



A grandeza existe nos detalhes despercebidos ...



A aceitação do inevitável ...



A apreciação da ordem cósmica ...


A Arte da Imperfeição, é focar no intrínseco,
no irregular, no despretensioso, no turvo,
no envelhecido, no simples.



Quando os japoneses reparam objetos quebrados,
eles enaltecem a área danificada
preenchendo as fisuras com ouro.

Eles acreditam que, quando algo sofre um dano
e tem história,
torna-se mais bonito com o restauro.
Essa arte tradicional 
de reparação da cerâmica quebrada
com pó de ouro
é conhecida como Kintsugi.
O resultado é que as cerâmicas 
não são apenas reparadas,
mas tornam-se ainda mais fortes
do que eram originalmente.


Contam-se que esse conceito surgiu no sec. XV,
quando o jovem Rikyu,
queria aprender os complicados rituais
da Cerimônia do Chá,
e procurou o grande mestre Takeno Joo.
O mestre para testar o rapaz,
 pediu que ele varresse o jardim.
Rikyu limpou o jardim 
até que não restasse nem uma folhinha 
para contar a história.
Ao terminar, examinou cuidadosamente,
o jardim impecável.
E então, antes de apresentar o resultado ao mestre,
ele chacoalhou o galho de uma cerejeira,
que fez caírem algumas flores
que se espalharam displicentes pelo chão.

Mestre Joo, impressionado com o que viu,
admitiu o jovem no seu mosteiro.
Rikyu tornou-se um grande Mestre do Chá,
e desde então é reverenciado 
como aquele que entendeu 
a essência do conceito de wabi sabi.
A Arte da Imperfeição.


O Wabi sabi não faz referência 
somente a fatores externos,
mas também a conceitos mais profundos
como a humildade, a simplicidade, a solidão,
e inclusive o abandono.
Define um modo de viver em paz consigo mesmo
e com o seu entorno,
valorizando a simplicidade da rotina diária.



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