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terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

... Tiébélé ...

A história de Tiébélé é contada por Zier, guia do vilarejo.  
O guia, que é da etnia Kassena, 
explica a origem de sua sociedade, 
que foi criada e desenvolvida pela população Kolo, 
os primeiros habitantes da terra 
e os mais antigos ancestrais do mundo. 
Segundo ele, a história local, 
passada de geração em geração, 
conta que o nome Kassena veio depois, 
quando, no século XV, 
um príncipe Mossi, etnia que dominava 
a região norte e central de Burkina Faso, 
fundou o primeiro reino, onde estava localizado 
o vilarejo de Tiébélé, até então habitado 
pela população autóctone, os Kolo.

 A aldeia Tiébélé, encontra-se no oeste da África, 
no sul de Burkina Faso, 
perto da fronteira de Gana, 

A aldeia é pouco conhecida, mas é encantadora.
É lá que vivem as pessoas do grupo Kassena, 
e que estão praticamente isoladas do resto do mundo.
Esse pequeno reino está situado 
numa pequena aldeia circular de cerca de 1,2 hectares.
Seus habitantes são considerados, possivelmente, 
o mais pobre do mundo,
 mas são riquíssimos em sua cultura.

Eles mantêm uma identidade cultural bastante forte, 
distinta e histórica. 
Parte disso é revelado na construção de suas moradias.

Na construção das casas, o povo de kassena usavam
   materiais locais, junto de terra, madeira e palha.
Hoje esta técnica foi substituída 
pelo uso de paredes de moldagem de tijolos de barro 
com fundações apoiadas em grandes pedras. 
As casas de Tiébélé são construídas com a defesa em mente, 
seja contra o clima ou inimigos em potencial. 
As paredes têm mais de 30 centímetros de espessura 
e as casas são projetadas sem janelas, 
exceto por uma pequena abertura ou duas 
para permitir que a luz seja suficiente para ver. 
Portas frontais são apenas cerca de dois metros de altura, 
o que mantém o sol fora e torna difícil para os inimigos atacar. 
Os telhados são protegidos com escadas de madeira 
que são facilmente retraídas 
e a cerveja local (dolo) é fabricada em casa.

Tiébélé é conhecida por sua incrível 
Arquitetura  Gourounsi.

O que torna o local único, 
não está nas entranhas das construções 
e sim no acabamento de suas paredes externas. 
Os muros das casas trazem 
pinturas e símbolos originais 
que narram a vida de seus habitantes, 
assim como suas crenças e seus valores. 
Se os homens são responsáveis 
por levantar os edifícios, 
as mulheres são as responsáveis pela decoração. 
As pinturas são feitas de pigmentos naturais da região,
 em três camadas. 
A primeira é com esterco de vaca fresco, 
misturado com a terra colante, 
uma pasta feita com argila que é passada no muro, 
formando uma camada de 2 a 3 centímetros de espessura. 
A segunda é com esterco de vaca líquido, 
passado sobre a primeira camada. 
E por fim é passada uma camada de argila vermelha.
Depois então a parede é polida 
para que as tintas possam tomar seus lugares. 
A cor preta é feita 
da diluição de água de cascalho de rocha vulcânica, 
o grafite, 
enquanto a cor branca vem do kaole, 
uma pedra de silicato de magnésio. 
Ambas as cores são aplicadas em um fundo vermelho, 
feito de barro misturado com água e vagens de cozinha, 
de uma folha de árvore chamada nere.
 Para trazer vivacidade aos desenhos, 
uma espécie de verniz é passada no muro, 
que mantém um brilho especial 
mesmo após as estações de chuvas e ventos. 
Na cultura Gourounsi, 
as pinturas são muito mais do que um motivo decorativo, 
elas são os instrumentos de educação 
e se apresentam como escolas a céu aberto. 
Os muros trazem em seus detalhes mensagens e valores 
que ajudam a perpetuar costumes e sabedorias.

Cada residência possui um certo padrão de pintura e cor, 
garantindo uma personalidade para cada casa.
A decoração serve para diferenciar as residências, 
da realeza frente sua corte. 
Dessa forma, a casa mais decorada do local 
é a residência do rei, o líder da comunidade.

Os mausoléus ficam juntos às residências comuns 
e trazem sua própria beleza, 
 expressa por meio da pintura nas paredes.

Cabe às mulheres mais velhas o papel de professoras. 
Semanalmente as avós reúnem as crianças 
para explicar o significado de cada símbolo 
e sua importância na cultura local. 
As pinturas de redes de pesca, por exemplo, 
servem para ensinar às crianças da importância desta profissão, 
uma vez que a atividade mata a fome. 
Os pés de galinha lembram que o frango 
é uma das ofertas mais importantes aos ancestrais. 
A tartaruga é o totem da família real, 
e as avós lembram seus netos
 que é proibido a qualquer membro da família comer sua carne. 
Os morcegos também são sagrados 
e o desenho de suas asas ensina que o animal 
protege contra os maus espíritos e, que por isso, 
é proibido matá-los.
 As casas onde não existem morcegos são amaldiçoadas. 
Outra presença importante é a do lagarto. 
Se uma casa, depois de três dias que foi construída 
não recebe a visita do animal, ela é demolida. 
O lagarto é um símbolo da boa arquitetura. 
Os símbolos são muitos e a cada parede pintada 
descobre-se uma nova lição. 
Ali, estão os livros de educação da sociedade Gourounsi, 
onde de geração em geração é costurada uma história milenar, 
que sobrevive ao tempo, aos ventos e às chuvas.























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