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segunda-feira, 16 de março de 2020

... Fernando Pessoa ...

                                                          

Fernando António Nogueira Pessoa,
nasceu em 13 de junho de 1888, 
e faleceu em 30 de novembro de 1935. 
(Lisboa, Portugal)

Quando se fala em literatura portuguesa, 
Fernando Pessoa é lembrado 
como um dos nomes mais notáveis.

A sua obra está imortalizada em verso e prosa, 
abordando os mais diversos assuntos.
  Do amor à existência humana,
 ele passeava com as palavras,
de acordo com a personalidade que assumia 
na hora de produzir seus textos.

Os termos Pseudônimo e Heterônimo, são conhecidos.
Porém muitas pessoas chegam a confundi-los.
Mas são palavras completamente distintas,
com seu significado próprio.

Pseudônimo
É um nome fictício usado como alternativa ao  nome real.
É um recurso usado 
quando a pessoa não quer ser identificada.
Pode ser por modéstia, timidez ou até mesmo para enganar.

Heterônimo
É o nome dado a personalidades fictícias, 
com direito a biografia,
como se fossem pessoas reais.

O heterônimo
foi muito bem explorado por Fernando Pessoa,


 Fernando Pessoa criou alguns personagens.
Esse seu trabalho é admirado e serve de inspiração 
em todos os cantos do mundo.

Tendo sido "plural", como se definiu Fernando Pessoa, 
criou personalidades próprias 
para os vários poetas que conviviam nele.
Fernando Pessoa foi vários poetas ao mesmo tempo, 
além de Alberto Caeiro, foi também Ricardo Reis, 
Álvaro de Campos e Bernardo Soares. 
Assim, para cada um deles 
criou uma biografia 
e um traço diferente de personalidade.
 Ainda que eles tenham traços de Fernando Pessoa,
 possuem personalidades definidas e marcantes, 
independentes de seu criador.



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Alberto Caeiro

Alberto Caeiro da Silva nasceu em Lisboa 
no dia 16 de abril de 1889. 
Órfão de pai e de mãe, só teve instrução primária 
e viveu quase toda a vida no campo, 
sob a proteção de uma tia.
Alberto Caeiro foi um poeta 
voltado para a simplicidade e as coisas puras. 
Viveu em contato com a natureza, 
extraindo dela os valores ingênuos 
com os quais alimentava a alma. 
Foi um poeta que viveu 
em verdadeira aliança com a vida no campo e com a  natureza.
 Dava importância às sensações, 
registrando-as sem a mediação do pensamento.
Alberto Caeiro é o lírico 
que restaurava o mundo em ruínas. 
Para Caeiro, tudo é como é. 
Tudo é assim porque assim é. 
O poeta reduz tudo à objetividade, 
sem qualquer necessidade de pensar. 
Morreu tuberculoso em 1915.

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na natureza não é porque saiba o que ela é.
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem por que ama, nem o que é amar...
                                            Alberto Caeiro


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Álvaro de Campos



Álvaro de Campos 
foi um dos mais importantes heterônimos de Fernando Pessoa. 
Foi criado em 1915.
Álvaro nasceu em Tavira, 
no extremo sul de Portugal, a 15 de outubro de 1890. 
Estudou Engenharia Naval, na Escócia. 
No entanto, não exerceu a profissão 
por não poder suportar viver confinado em escritórios.
Álvaro de Campos foi um poeta moderno, 
aquele que vive as ideologias. 
Engenheiro de profissão 
via o mundo com a inteligência concreta 
de um homem dominado pela máquina. 
De temperamento rebelde e agressivo, 
seus poemas reproduziam a revolta e o inconformismo,
 manifestados através de uma verdadeira revolução poética:

"Dentro de mim estão presos e atados ao chão
todos os movimentos que compõem o Universo.
A fúria minuciosa dos átomos,
a fúria de todas as chamas, a raiva de todos os ventos,
a espuma furiosa de todos os rios que se precipitam".

Álvaro de Campos foi um homem 
de espírito inconformado com o tempo.
 Era completamente inadaptado ao mundo que o cercava, 
vivia marginalizado, sendo uma personalidade do não.




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Por volta de 1912, 
Fernando Pessoa teve ímpetos de escrever
 poemas de índole pagã.
Escreveu umas coisas sem obedecer uma regularidade, 
e as deixou ... 
 "Esboçara-se-me, contudo numa penumbra mal urdida, 
um vago retrato da pessoa que estava a fazer aquilo.
Tinha nascido, sem que eu soubesse, o Ricardo Reis".
Na biografia de Ricardo Reis consta que ele nasceu 
em Porto, Portugal, no dia 19 de setembro de 1887. 
Estudou em colégio de jesuítas e formou-se em medicina. 
Era monarquista e exilou-se no Brasil, em 1919,
 por discordar da Proclamação da República Portuguesa. 
Foi profundo admirador da cultura clássica, 
tendo estudado latim, grego e mitologia.
Ricardo Reis tinha sua personalidade  identificada 
com os clássicos da Antiguidade. 
Seu espírito reflete a doutrina de Epicuro (filósofo grego), 
caracterizada pela identificação do bem soberano com o prazer, 
o qual há de ser encontrado na prática da virtude 
e na cultura do espírito.  
  Horácio (poeta e filósofo romano) 
foi um grande inspirador de sua poesia, 
principalmente no que diz respeito à filosofia de Carpe Diem.
Isto é, usufruir do momento, 
como também no uso de gerúndios, imperativos 
e inversões de sintaxe, como os hipérbatos.


O passado é o presente na lembrança.
                                                                             Ricardo Reis



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Bernardo Soares foi, dentro da ficção de seu próprio livro, 
um simples ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa.
 Conheceu Fernando Pessoa 
numa pequena casa de pasto frequentada por ambos. 
Foi aí que Bernardo deu a ler a Fernando
 o seu "Livro do Desassossego".
É considerado um semi-heterônimo porque, 
como seu próprio criador explica 
"não sendo a personalidade a minha, é, 
não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela. 
Sou eu menos o raciocínio e afectividade."

Tenho uma espécie de dever de sonhar sempre,
 pois, não sendo mais, 
nem querendo ser mais que um espectador de mim mesmo, 
tenho que ter o melhor espetáculo que posso. 
Assim me construo a ouro e sedas, em salas supostas, 
palco falso, cenário antigo, 
sonho criado entre jogos de luzes brandas e músicas invisíveis.
                                                                                                 Bernardo Soares



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 Em uma carta ao amigo Adolfo Casais Monteiro,
Fernando escreveu:
"Pus no Caeiro
todo o meu poder de despersonalização dramática, 
pus em Ricardo Reis toda a minha disciplina mental, 
vestida da música que lhe é própria, 
pus em Álvaro de Campos toda a emoção
 
que não dou nem a mim nem à vida.
 A simulação é mais fácil, 
até porque  mais espontânea, em verso.
Na prosa de Bernardo Soares, no entanto,
 
a simulação se fez lentamente, 
num consciente jogo de esconde - esconde. 





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