COMUNICADO IMPORTANTE


Informo que a Autora do Blog faleceu em 16 de Abril de 2023, e, por conta disso, este espaço não será mais atualizado, e também não haverá aprovação de novos comentários.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

... A Árvore Bodhi ...



Há alguns dias atrás,
vivi uma experiência grandiosa junto a árvores.
Uma semana depois,
 fui abordada na rua
por uma pessoa que distribuía umas folhas.
Aceitei a que me foi dada e guardei na bolsa.
Chegando em casa,
fui ler o texto que trazia a folha de papel.
Fica  difícil para descrever
 o sentimento que tomou conta de mim,
 enquanto fazia a leitura.
Senti-me, não sei explicar como,
inserida no contexto do texto.
É algo muito abstrato, muito bonito.

Resolvi então fazer uma pesquisa,
para saber se o texto era uma história verdadeira
 ou apenas uma lenda.
E me certifiquei que é uma história verdadeira.



Bodhidharma foi um monge budista
que viveu durante o 5º ou 6º século. 
A ele é creditado
a transmissão do budismo Chan para a China,
 e considerado como seu primeiro patriarca chinês. 
  No Japão, ele é conhecido como Daruma .


Era início do outono,
 as folhas das árvores jaziam
 sobre o caminho extenso entre as árvores,
formando um tapete de tons que variavam
entre o verde e o amarelo queimado.
 
Este caminho era o mesmo que nas outras estações,
 servia aos Mestres para seus passeios matutinos
 em direção a "grande árvore".
 
          Muitas lendas
circulam à respeito dessa árvore majestosa, 
 que por ela havia passado e descansado
 um famoso monge chamado Bodhidharma.
 
Bodhidharma foi monge no sul da Índia,
viajando para o sul da China,
   e posteriormente mudou-se para o norte. 
 
Aquela árvore representava muito para todos os Mestres,
 era considerado um local sagrado
 e responsável por muitas peregrinações.
       As folhas caídas dançavam uma sobre as outras
 embaladas pelo vento, formando redemoinhos e sons,
dando ao pequeno bosque do templo,
 uma imagem sem igual.

 
        Naquela manhã,
 o jovem discípulo caminhava em direção a "grande árvore",
 seus pés abriam caminho sobre a intensa cobertura de folhas.
 Após alguns minutos  entre as árvores,
o jovem discípulo
finalmente encontra seu Mestre
sentado entre as enormes raízes
 da árvore centenária.
 Por um breve tempo ficou ali parado observando seu amado Mestre em profunda meditação. 
O Mestre parecia fazer parte daquela imagem.
Estático e com um semblante sereno,
 parecia ele estar totalmente integrado ao tronco da árvore,
 ambos pareciam vinculados pela mesma energia
e harmonizados pelo silêncio que era invadido
 apenas pelo assobio do vento.
       Após alguns momentos, o jovem discípulo
 escuta a voz de seu Mestre:
- Aproxime-se meu jovem!
- Não quero atrapalhar suas orações Mestre!
E de olhos fechados o Mestre respondeu: 
- Não está me atrapalhando!
- Mestre... posso fazer uma pergunta?
- Sim...
- Diga-me qual o motivo de todos os Mestres
virem até esta árvore para meditar?
Afinal, qual é a diferença entre esta
e as demais árvores?
E o Mestre disse:
- Sua história.
Ela foi responsável
 pelo descanso do Mestre Bhodhidharma!
Indagou o jovem:
- Mas só isto?
 As demais árvores
são menos importante por este único motivo?
- Não.
 Todas possuem a mesma importância,
mas somente esta foi escolhida pelo "Grande Sábio",
 isto torna a "grande árvore" não mais importante,
mas sim, guardiã de um momento único.
- Que momento é este?
- O momento em que deixamos de ser
 apenas pessoas meditando em baixo de uma árvore
 e nos tornamos parte dela.
Buscando a eliminação da identidade individual
 para nos tornarmos parte de um todo.
Unificando a mente e os sentidos
ao movimento de tudo que "aparentemente" está inerte.
Mestre Bodhidharma interagia
com a natureza ao seu redor.
 
 Naquele momento não havia diferenças
 entre as folhas desta árvore e ele,
 o tronco desta árvore majestosa fundia-se com ele.
Não havia mais separação,
 tudo se fundia em uma só manifestação.
O vento e a respiração dele,
tornavam-se um só sopro.
O movimento dos galhos desta árvore,
tornaram-se os movimentos de seus braços,
 as raízes que a sustentam,
 nutriam suas veias e seu sangue.
Tudo tornou-se "ele" e ele tornou-se parte de tudo,
e desta forma ele encontrou o "Caminho".
 Os Mestres costumam vir até este local
 para fluir da mesma forma.
Esta árvore em um determinado momento,
tornou-se parte do Mestre Bodhidharma,
portanto ela também  fluiu como o "Mestre",
 tornando-se a árvore BODHI, a Mestra de todas as árvores.


 
Eis a questão:
  Somos todos acostumados a nos vermos
 de forma individual,
fomos criados desta maneira,
participamos de tudo,
 mas não nos permitimos "fazer parte" de tudo.
Não existe separações individuais,
 somente aquelas que criamos.
A sintonia entre as árvores que cria as florestas e bosques,
não percebemos cada qual individualmente,
 pois unidas criam uma só energia, a energia coletiva.
Nós humanos queremos evoluir,
 tornarmos iluminados,
mas sem perceber a luminosidade como um todo,
somente de forma individual,
e desta forma não encontraremos iluminação,
apenas encontraremos
uma forma individual de lluminescência.
Para se tornar parte de algo tão grande como "O Todo",
devemos deixar de lado
 nossos pequeninos conceitos individuais.
 Portanto Flua meu Jovem...

Nenhum comentário:

Postar um comentário