Uma história de Amor,
marcada cruelmente pela insensibilidade.
Temos um ditado popular que teve sua origem
nessa história de amor.
"Agora é tarde, Inês é morta".
Essa história também é lembrada numa música
composta por José Maria Galhardo e Raul Ferrão.
A música é Coimbra do Choupal.
Antes de contar a história, deixarei o vídeo,
e a letra da música, cantada por Francisco José.
Coimbra é uma lição/De sonho e tradição/O lente é uma canção/
E a Lua a faculdade
O livro é uma mulher/Só passa quem souber/
E aprende-se a dizer saudade
Coimbra do choupal /Ainda és capital /
Do amor em Portugal, ainda
Coimbra onde uma vez / Com lágrimas se fez /
A história dessa Inês tão linda
Coimbra das canções / Tão meiga que nos põe /
Os nossos corações à luz
Coimbra dos doutores / Pra nós os teus cantores/
A fonte dos amores és tu
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Inês de Castro nasceu em 1320 ou 1325 na Galiza (Espanha),
Era filha ilegítima do nobre galego Pedro Fernandes de Castro,
e de uma dama portuguesa, Aldonça Suárez de Valadares,
e irmã de D. Fernando e de D. Álvaro Pires de Castro.
Por parte de seu pai era bisneta ilegítima de D. Sancho de Castela,
pai de D. Beatriz de Castela, que era mãe de D. Pedro,
futuro Rei de Portugal.
Era, portanto, prima em 3º grau de D. Pedro.
Inês viveu parte da sua infância
no castelo de Albuquerque cuja dona, que a criou como filha,
era casada com Afonso Sanchez, filho ilegítimo de D. Diniz,
até vir a ser aia de sua prima de D. Constança Manuel,
filha de João Manuel de Castela,
poderoso nobre descendente da Casa Real Castelhana
e que estava prometida ao príncipe de Portugal, D. Pedro.
Em 1340, Inês de Castro chega a Évora (Portugal),
na comitiva integrada de D. Constança Emanuel,
noiva do Infante D. Pedro, filho do Rei D. Afonso IV.
Ao se verem, D. Pedro e Inês, apaixonaram-se.
Porém era de praxe nas famílias reais,
casamento por questão política e quase nunca por amor,
D. Pedro foi obrigado a se casar com Constança Emanuel,
uma nobre castelhana.
Apesar do casamento, o Infante marcava
encontros românticos com Inês nos jardins da Quinta das Lágrimas.
D. Constança não ignorava o amor de Pedro e Inês.
Quando a princesa Constança teve seu primeiro filho em 1342,
deu ao infante o nome de Luís.
Inês foi convidada para madrinha.
De acordo com os preceitos da Igreja Católica de então,
a relação entre padrinhos era de parentesco moral
e o amor entre eles era quase um incesto.
Porém, os encontros entre Pedro e Inês eram frequentes,
já havia se tornado um grande romance.
Em 1344, o rei D. Afonso IV, pai de D. Pedro,
envia a bela Inês para a cidade de Albuquerque
na fronteira espanhola, ficando sob a proteção
de D. Teresa de Albuquerque, viúva de seu meio irmão.
Mas a distância não separou os dois apaixonados,
que continuaram a se comunicar por cartas
levadas e trazidas secretamente.
Foi assim que o amor dos dois se tornou mais sólido.
D. Constança, ciente de tudo vivia a lamentar a triste sorte.
Teve seu segundo filho, Fernando, em 1345.
Em 1349, logo depois de dar a luz a sua filha Maria,
a rainha morre.
Depois da morte de D. Constança,
D. Pedro manda buscar Inês, contrariando as ordens do pai.
Instalados em Coimbra finalmente estavam juntos.
No Mosteiro de Santa Clara foi viver o feliz casal
e é ali que nascem os seus filhos,
Afonso, João, Dinis e Beatriz.
Em 1351, D. Pedro solicitou ao papa
que lhe concedesse dispensa para poder casar com Inês,
já que eram primos,
grau de parentesco que impedia o casamento,
segundo o Direito Canônico da época.
O pedido foi negado.
O rei D. Afonso IV receoso da interferência da família Castro
na Política portuguesa ouvia de seus conselheiros
que havia um grande perigo para a Coroa
e para o futuro próximo do país
se D. Inês de Castro viesse a ser rainha.
No dia 7 de janeiro de 1355,
D. Afonso cede às pressões de seus conselheiros
e seguem para o Mosteiro de Santa Clara,
aproveitando a ausência de Pedro que estava em uma caçada.
Os conselheiros executaram Inês
quando esta se encontrava junto a uma fonte.
A lenda nos diz que foram as lágrimas derramadas por Inês
durante a sua morte que deram origem à Fonte dos Amores,
localizada nos fundos da Quinta das Lágrimas.
Outras passagens que envolvem essa história,
são narradas também como lendas.
Os fungos vermelhos no fundo da fonte,
dizem ser o sangue de Inês,
que ali permanece durante todos estes séculos.
Estes fungos já foram estudados por cientistas
de diferentes universidades e, até onde se sabe,
eles existem apenas ali.
Mais tarde, a fonte foi denominada pelo poeta Camões,
como “Fonte das Lágrimas”.
Com a morte de Inês, achavam que a história do casal teria fim,
mas na realidade, ela só estava começando.
A morte de Inês provocou revolta de D. Pedro contra seu pai.
Com a morte de D. Afonso,
Pedro foi aclamado rei em 1357, como D. Pedro I.
Aclamado rei, Pedro I começou a perseguição
aos assassinos de sua amada Inês.
Dos tres algozes, ele só conseguiu pegar dois.
A vingança foi executada nos Paços de Santarém.
Mandou amarrar as vítimas em postes
e ordena ao carrasco que tire de um o coração pelas costas
e do outro pelo peito.
Como se ainda não bastasse, teve coragem de partir os corações, terminando sua sede de vingança.
Não satisfeito, Pedro I, em uma última homenagem ao seu grande amor, mandou que desenterrassem Inês,
que a vestissem com os trajes reais e a coroou rainha,
mesmo depois de morta,
obrigando que toda a corte beijasse a mão
daquela que tanto desprezaram.
Daí veio a frase:
Agora é tarde, Inês é morta.
Em seguida ordenou o translado dos restos mortais
de Coimbra para um túmulo que mandou construir em Alcobaça.
O túmulo é uma verdadeira obra-prima
e está localizado no Mosteiro de Alcobaça.
D. Pedro e D. Inês estão sepultados,
um em frente ao outro, no Mosteiro de Alcobaça.
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